sexta-feira, 10 de abril de 2009

MUSEO DA TORTURA CONTRA AS MULHERES (IV)




Ideologia médica: Da "fé em Deus" a "Fé na Ciência".

Entre a gente mais nova perderom poder os dictados da igreja para o controlo da sua sexualidade, aqueles contos de que a masturbaçom producia cegueira ou de que o uso do preservativo era pecaminoso. Isto significou mudanças nas formas e na linguagem mas a ideologia moderna mantivo os velhos tabús cristianos.

O médico é agora o Deus que dicta as normas sobre o corpo e a sexualidade; tem o poder de clonar vida no seu laboratório e decidir como vam ser os seus filhos e filhas manipulando a sua genética; pode modelar com o seu bisturí o corpo da mulher igual que antes o Deus Todopoderoso a modelara a partir dumha costela.

As farmaceuticas fam-se de ouro com a intervençom médica na sexualidade: vacinas para papilomas, tratamentos com hormonas desde as primeiras menstruaçoes para o resto da vida, partos convertidos em operaçoes quirúrgicas,... A suposta sabiduria médica fijo dos seus protocolos “palavra de deus”. No século XXI os curas mudarom o hábito por umha bata branca e o altar pola consulta. Numha sociedade desesperada polo stress e a ansiedade da vida moderna o “corpo de cristo” adoptou forma de capsula de 20 miligramos.

Um recurso secular para a repressom sexual foi o do medo. A ideologia moderna fazia finca-pé nos perigos do sexo ao tempo que inventava autênticas plagas de transmissom sexual nos laboratórios. Já a finais do século XX inventava-se o SIDA, um virus que castigava a “depravados” e “viciosas”. Se durante séculos o sexo fora um PECADO a ciência convertiu-no em realmente MORTAL. A indústria farmaceutica emprendeu as suas cruzadas colonizadoras, envenenando países e arrasando com a velha medicina tradicional.

MUSEO DA TORTURA CONTRA AS MULHERES (III)






Na Galiza do século XXI, as mulheres foram as últimas em terem controlo sobre os seus próprios corpos e sobre os processos que os afectam (desde o comportamento e as práticas sexuais até a maternidade); en cambio, exerciam muito protagonismo outros agentes, como:

as autoridades sanitárias, que tratavam as mulheres como simples objetos, chegamdo a praticar com elas -sem o seu consentimento- verdadeiros horrores para a experimentaçom cientista (ensaiando, por exemplo, métodos quirúrgicos e hormonais altamente agressivos), e empregando práticas médicas intervencionistas que negavam -de facto- a autonomia das doemtes (!), excluimdo-as mesmo da planificaçom e direcçom dos seus própios partos;

o Estado e os seus tentáculos territoriais, que ditavam legislaçons sobre o que deviam ou nom deviam fazer as cidadás cos seus corpos, impondo castigos para aquelas que ousassem desobedecer, como passou longamente no exercício do aborto;

os meios de comunicaçom de massa, principais tecnologias do género que estenderam um segundo modelo sexual de mulher, a “mulher fatal”, dedicada por inteiro à procura do pracer genital do homem, bem por manipulaçom bem por vício, e invisibilizando, deste jeito, qualquer outro tipo de relaçons e práticas sexuais que nom tivessem o falo como centro de atençom dos jogos eróticos;

a Igreja Católica e a sua doutrina moral retrógrada e genocida, que seguia a reverenciar a Virgem como modelo de comportamento sexual feminino (“mulher-anxo”), identificado e legitimado polo estamento do matrimónio heterosexual; e, porén, demonizava o uso de métodos anticonceptivos como o preservativo por induciren ao coito e provocaren, assim, um aumento no contagio da sida.

MUSEO DA TORTURA CONTRA AS MULHERES (II)








PARA CAMPAR HÁ QUE CHORAR


o modelo estético: a mulher inalcanzável.


Os modelos estéticos sempre reflexarom a situaçom social das mulheres, a sua condiçom (bem como trabalhadoras, bem como aristócratas), o seu carácter aventureiro, as suas luitas, a sua disciplina, as suas tradiçons... eram por tanto a nossa imagem, e dependendo da época e do contexto iam mudando.


Se bem por muito tempo forom marca social e cultural, a começos do século XXI o culto à imagem e às apariências convertiu-se numha auténtica obsessom. Assim chegarom aos extremos de injectar-se toxinas, de mutilar-se, de usar tratamentos agressivos sem eficácia demostrada mas com infinidade de efeitos secundários; as mulheres absorviam-se, depuravam-se, mutavam, e o pior de todo é que deixarom de ser elas para se convertir na má cópia da mulher inalcanzável criada nos laboratórios do patriarcado.


Ademais, as nossas antepassadas viviam atrapadas na sociedade de consumo. Havia centos, milheiros de produtos, artefactos, curandeiros que prometiam a felicidade conseguida através da tortura continuada, desde bem miudas até o mesmo leito de morte. Desde a cor-de-rosa escolhida na sua infáncia ou os buracos dos brincos até o alongamento artificial da juventude mascarando um corpo auténtico com cicatrizes e sustáncias sintéticas.

MUSEO DA TORTURA CONTRA AS MULHERES (I). Carvalhinho, 1 de Abril


PATRIARCADO MODERNO. SÉCULO XX-XXI

O corpo das mulheres foi considerado sujo e imperfecto ao longo de toda a era patriarcal. Já os primeiros filósofos gregos consideravam à mulher um ser imperfecto. A menstruaçom era para Aristoteles o sémen pobre que produziam as mulheres. A “Histéria”, enfermidade que se diagnosticou historicamente só a mulheres, foi atribuida a desprazamentos que o útero realizava polo corpo até instalar-se na cabeça e virá-las loucas. Poderiam fazer esses doutores hipótese semelhante sobre os testículos?

No Patriarcado moderno as mulheres padecerom a mesma ideologia pseudo-científica contra os seus corpos, que som observados como um constante problema: cheiram mal, menstruam, desequilibram-se hormonalmente, engordam, som frígidas... A misogínia (ódio às mulheres) da era do “progresso científico” pusso nas ruas mulheres mais objecto do que nunca, parcheadas com silicona.

A tortura contra as mulheres mudou de formas e o Patriarcado semelhava ganhar terreno ao ser muitos destes castigos aceitados com resignaçom e pasividade, chegando incluso a ser auto-aplicados. O trunfo do Patriarcado consiste em fazer da violência um facto “normal”, tam normal que incluso nos aplicamos diversas torturas físicas e psíquicas em nome da “beleza”, da “ciência” e do “amor”.

CONTRA O PATRIARCADO, O FEMINISMO NA RUA

As feministas do XXI enfrentarom o patriarcado moderno e iniciarom o caminho da sua destruiçom. Umha das necessidades mais urgentes foi a de romper o silêncio e fazer visível o invissivel. Às vezes os factos que aparentam ser do mais normal nom o som, tenhem finalidades que desconhecemos e encerram ameaças e proibiçons cum significado mui antigo, tanto que parece que esquecemos.

Por isso foi e é tam importante conhecer a História das mulheres, as grandes ausentes nos livros; saber onde e porque se originou a subordinaçom social home/mulher; denunciar as agressons que sofremos por ter um corpo de mulher, desde a violência directa até a cifrada em códigos estéticos, morais ou pseudo-científicos.

A esta labor queremos contibuir desde o Museo Itinerante para a Recuperaçom da Memória Histórica das Lerchas, desde onde fizemos um importante esforço arqueológico. As peças que estám expostas a continuaçom entrarom em des-uso anos antes da definitiva aboliçom do sistema Patriarco-Capitalista.

Com carinho, esperamos que vos resulte ameno e alentador.

Carvalhinho, 1 de Abril, Era Pós-patriarcal.

AS LERCHAS NO Nº 1




O dia 1 de Abril as Lerchas fomos convidadas ao instituto de Carvalhinho, onde realizamos com várias aulas algumhas actividades que nos ajudarom a falar daquelo que parece que nom existe.
Muito obrigadas a todas, foi umha experiência mui bonita!